Por que locais históricos?

Jenny Lund
21 March 2019

O Bosque Sagrado, no norte do estado de Nova York (EUA), é o principal local histórico de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. No entanto, não é o único local que testifica sobre a Restauração. Mais de duas dúzias de locais de propriedade da Igreja, de Vermont até a Califórnia e um na Inglaterra, celebram a Restauração do evangelho e o compromisso dos santos dos últimos dias de estabelecer o reino de Deus em nossos dias. Inúmeros marcos históricos pontilham a paisagem, assim como os templos, os tabernáculos e as capelas históricos. Para muitas pessoas, esses locais são sagrados, que evocam um sentimento de admiração, reverência e conexão pessoal.

A ideia de local sagrado é antiga. Quando o Senhor falou com Moisés da sarça ardente, Ele deu o mandamento: “Tira os teus sapatos de teus pés, porque o lugar em que tu estás é terra santa” (Êxodo 3:5).

O conceito de preservar ou marcar um local também tem raízes antigas. Quando o Senhor guiou os filhos de Israel para a terra prometida, Josué fez uma pausa e colocou 12 pedras como um marco para lembrar as gerações futuras das bênçãos de Deus sobre Seus filhos (ver Josué 4:19–22).

Assim como esses relatos das escrituras afirmam que os lugares onde ocorreram acontecimentos importantes são sagrados e que devem ser lembrados e honrados pelo povo de Deus, a Igreja hoje identifica, preserva e considera os lugares significativos para a história desta dispensação. Esses lugares foram santificados pelas bênçãos de Deus sobre Seu povo e por santos dos últimos dias fiéis que dedicaram sua vida à edificação do reino de Deus. Prestam testemunho da Restauração e nos lembram das bênçãos de Deus e da fé, do compromisso e do sacrifício de Seu povo.

A experiência de uma mulher

Em dezembro de 1905, Edith Ann Smith embarcou em um trem em Salt Lake City, Utah, para Vermont. Ela estava em boa companhia. Os membros da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze apóstolos, bem como vários parentes e amigos, também ocuparam o vagão. Eles estavam indo dedicar um memorial no local de nascimento de Joseph Smith — um dos primeiros monumentos históricos a serem construídos pela Igreja.

Na fileira de trás, a quarta a partir da esquerda, Edith está de pé ao lado de Joseph F. Smith em frente ao recém-inaugurado Monumento de Joseph Smith.

Edith, de 44 anos de idade, era a historiadora não oficial da família de Joseph Smith Sênior e teve a honra de inaugurar o monumento em Sharon, Vermont. Além do local de nascimento do profeta, ela e o grupo visitaram locais históricos da Igreja em Nova York e Ohio. Para muitos, foi a primeira vez que viram os lugares onde a Restauração do evangelho havia ocorrido. O destaque do passeio pós-dedicação foi uma visita à fazenda Smith, ao Bosque Sagrado e ao Monte Cumora, em Manchester, Nova York.

Em sua função como historiadora da família, Edith manteve um diário detalhado. Sobre o Bosque Sagrado, ela escreveu: “Se houver solo sagrado na Terra, sem dúvida o lugar onde o Pai e o Filho apareceram em pessoa é solo sagrado”.1 Enquanto caminhavam por entre as árvores, ela lembrou: “Muitos pensamentos passaram por nossa mente (…). Não sabíamos o local exato em que esses seres sagrados apareceram, mas ninguém duvidou que, em algum lugar próximo, o Pai e o Filho realmente apareceram a Joseph Smith”.

Joseph F. Smith em pé no Bosque Sagrado em 1905

O grupo, então, se reuniu em volta de uma árvore que provavelmente era uma pequena muda na época da Primeira Visão e cantou “Que manhã maravilhosa!”.2 Todos os participantes tiveram um sentimento de admiração e deslumbramento porque estavam no lugar onde houve um acontecimento que mudou o mundo. As revelações e a história lidas ao longo da vida subitamente ficaram mais claras quando a vista, os sons, os cheiros e a sensação do local proporcionaram um ambiente preciso para imaginar o profeta Joseph caminhando e ajoelhando-se para orar.

Foi um dia inesquecível. Em pouco tempo, a Igreja conseguiu comprar a histórica fazenda Smith para que os membros da Igreja ao longo das gerações pudessem ter experiências semelhantes.

Experiências de milhares de pessoas

Hoje, visitantes do mundo todo podem sentir uma conexão com os locais históricos da Igreja. Às vezes, eles os visitam pessoalmente, percorrendo os caminhos e as ruas por onde Joseph Smith e outros líderes da Igreja caminharam. Mais frequentemente, eles os visitam por meio de fotografias e descrições vívidas. Os estudantes das revelações modernas costumam pensar que os acontecimentos da história da Igreja fazem mais sentido quando se faz uma conexão entre os locais e os contextos em que ocorreram. Uma referência complexa ao escritório de Joseph Smith no sótão do Templo de Kirtland subitamente torna-se clara quando o local é retratado. Fica fácil imaginar Joseph ou seus escreventes trabalhando lá.

Loja e casa restauradas de Newel K. Whitney em Kirtland, Ohio

Embora os lugares sejam muitas vezes belos e grandiosos, são as histórias das pessoas que lá habitaram que emocionam muito as pessoas hoje em dia. Pessoas como Joseph Smith ou os primeiros pioneiros que fizeram grandes sacrifícios para edificar o reino de Deus e viram a mão de Deus em sua vida. Ver as paisagens onde as experiências-chave se desenrolaram pode cultivar um profundo sentimento de gratidão naqueles que tiveram suas vidas mudadas e abençoadas pela Restauração. Esses locais podem ajudar a abrir nossos olhos para a beleza dos princípios de salvação e nos motivar a aceitá-los com todo o coração.

Fotos: Cortesia da Biblioteca de História da Igreja.