‘Uma Vida Mais Feliz e Abundante’

Elizabeth Maki
15 September 2015

Santos no Brasil viajam doze dias para frequentar o Templo

Apenas dois anos depois de uma missão ter sido organizada no coração da floresta amazônica, mais de cem membros de Manaus, no Brasil, decidiram ir ao templo — independente das dificuldades da jornada.

E a viagem seria difícil. Em 1992, quando os membros de Manaus tomaram sua decisão, o templo mais próximo ficava do outro lado de seu imenso país, em São Paulo. A viagem teria sido fácil de avião, mas os membros de Manaus não tinham condições de comprar as passagens aéreas. Sendo assim, os líderes da Igreja planejaram uma viagem de barco e ônibus. Cobrindo cerca de 3 mil quilômetros em mais de seis longos dias — na ida e depois de novo na volta — a viagem representava um enorme sacrifício para muitos daqueles membros brasileiros.1

Benedito Carlos do Carmo Mendes Martins, sua esposa e seus três filhos haviam economizado dinheiro rigorosamente para fazer a viagem e serem selados em São Paulo. Mas depois de seus grandes esforços, o chefe de Martins achava que seria demais dar duas semanas de folga para ele; as coisas estavam muito corridas, seu supervisor falou, e ele simplesmente não poderia ser liberado.

A família Martins orou pedindo um milagre e, um dia antes do barco partir de Manaus, seu pedido foi atendido.

“Fui diagnosticado com parasitas”, disse Martins. “Fiquei muito feliz por estar doente!”

Tendo recebido um atestado médico que concedia duas semanas de licença, Martins e sua família partiram do porto de Manaus na manhã seguinte em direção ao templo, com um grupo de 102 membros.2

Eles viajaram mais de 600 quilômetros de barco, dormindo em redes no convés lotado, mas gratos pelo ar fresco e pelos alimentos. No segundo dia de viagem, o grupo comemorou o aniversário de oito anos de uma menina, parando em uma praia para que o pai dela pudesse batizá-la — após terem certeza de que não havia piranhas nem jacarés no local.3

No dia seguinte, o grupo chegou a Humaitá e pegou um ônibus. Apesar de cobrirem uma distância muito maior nos próximos três dias, o custo seria alto — as estradas (onde existiam) estavam deterioradas, e eles viajaram naquele terreno acidentado dia e noite, para ir mais rápido. Ao longo do caminho, eles pararam em capelas SUD ou em casas de membros da Igreja que haviam preparado alimento para eles. O ônibus apresentou inúmeros problemas mecânicos, mas os membros prosseguiram, muitas vezes chegando com horas de atraso aos lugares onde seriam alimentados, mas sempre encontraram os membros ainda esperando por eles.4

Seis dias após partirem, os 102 brasileiros de Manaus chegaram ao templo de São Paulo. Nos próximos quatro dias e meio, eles trabalharam no templo, recebendo as ordenanças por si mesmos e por seus familiares. Para muitos, era a realização de um sonho há muito acalentado.

“Hoje vou ao templo pela primeira vez”, escreveu uma mulher. “Ontem completei 20 anos como membro da Igreja — tantas horas, tantos dias e tantos anos de espera e preparação. Meu coração está cheio de gratidão e felicidade por meus amigos, líderes do sacerdócio e principalmente por Jesus Cristo, Sua Expiação e pela oportunidade de ir à casa de meu Pai Celestial.”5

No fim de semana seguinte, eles já estavam a caminho de casa outra vez. Eles refizeram a longa viagem de volta para o norte, chegando em segurança a Manaus dezesseis dias após terem partido, mas eternamente gratos pelo que tinham alcançado.6

“Não tenho dúvidas de que, se guardarmos os convênios feitos no templo, teremos uma vida mais feliz e abundante”, escreveu um homem. “Amo minha família e farei tudo ao meu alcance para tê-la comigo no reino celestial.”

Para o irmão Martins, as duas semanas foram suficientes não só para que o medicamento prescrito pelo médico eliminasse os parasitas de seu corpo.

“Voltei para casa com fé nas ordenanças do templo e um testemunho a respeito delas”, afirma, “principalmente da ordenança em que fui selado à minha esposa e aos meus três filhos.”7